Naquele final de tarde de quinta-feira, quando as flores chegaram, ela esperou o marido perfumada e feliz. Por isso, quando agradeceu o mimo e o ouviu perguntar do que se tratava, estancou atônita na porta da cozinha. Ambos olharam para o vaso intrigados. Depois da terceira semana, o marido exigiu que fossem jogadas no lixo. A partir de então ela as escondia e, na manhã seguinte, carregava-as para o trabalho. O funcionário da manutenção, de vez em quando, passava por sua sala e dava-lhe dicas de como prolongar a beleza efêmera. E as flores continuaram chegando, durante meses, sem nada que pudesse identificá-las. Até que um acidente fatal roubou a vida do colega gentil. Agora, é ela quem deixa flores, toda semana, amarradas ao meio-fio onde o carro dele saltou da ponte. | Débora Böttcher |
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